quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Por favor, matem a matemática

Nunca fui a melhor aluna da minha classe. Não por não ser boa o suficiente, mas por não limitar meus pensamentos a meia dúzia de fórmulas. O x e a tangente nunca realmente fizeram sentido. Sempre fui de humanas, mesmo quando não sabia o que era isso. Quando a  tia pedia para Mariazinha dar balas para Joãozinho e depois tomar algumas de volta eu não queria calcular com quantas balas Joãozinho ficou, eu queria entender o porquê de Mariazinha ter tomado-as de volta e travar um diálogo emocionante a nível de jardim de infância. Ocorre que ninguém nunca reconhece os de humanas como inteligentes, ou, pelo menos, não no Ensino Médio. Quando você gabarita uma prova de álgebra é um crânio, já uma de geografia-política, é malandro, ou, ao menos, bom de enrolar. Somos incompreendidos. Não somos enroladores e sim bem articulados. Conseguimos desenvolver um texto, usar as palavras ao nosso favor. Mesmo com toda a glória dos matemáticos, não trocaria minhas palavras por número algum. 
Amo essa bipolaridade das letras, como mesmas histórias podem ser contadas de tantas diferentes maneiras. A forma como não tem certo nem errado e por isso não limita nossos pensamentos a caixinha que o atual sistema de educação nos impõe. O fato de termos conteúdo e uma boa conversa. Afinal, ninguém encontra o x no jantar.
Gosto de pensar que nunca saberemos o que realmente aconteceu com os personagens da História. Até por quê, em Humanas, lidamos com gente-(famosa)-como-a-gente, que levam segredos ao túmulo e a informação chega a nós num grande telefone sem fio, não é possível que em todos esses milênios não tenha sido nem sequer um pouquinho adulterada. Tive esse pensamento maluco quando imaginei Vargas contando sua versão do que realmente aconteceu no Estado Novo. Já que possuem diversas interpretações da pessoa dele. Para meu professor, um ditador. Para muitos o pai da nação. Mas quem seria ele na intimidade, fora dos textos do capítulo 7?  Eu nunca saberei. Mas gosto de imaginar. Pois é isso que nós, jovens, fazemos.
A padronização feita pela escola é errada. Cada um tem uma forma de desenvolvimento cognitivo. O mundo evoluiu. A sociedade mudou, mas o sistema arcaico de educação se perpetua. O pensamento "pra que eu quero saber disso?" é cada vez mais frequente. Simplesmente não posso aceitar um jovem saindo de uma instituição de ensino sabendo encontrar o delta como ninguém, mas não ter ideia da função de um senador. Talvez essa seja a razão de vermos tantas pessoas que possuem acesso a educação alienadas. É que sua mente simplesmente não foi preenchida do que realmente lhe trará conteúdo e cultura. Precisamos de uma revolução na educação. Uma revolução.
Por favor, alguém mate a matemática. Ou, pelo menos. me ensine funções. Esse texto foi escrito na madrugada antes da prova de recuperação? Provavelmente.

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