sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Orla

Estou passando uma semana na casa de veraneio da minha bisavó Ige, na região dos lagos do Rio de Janeiro. Eu sempre gostei da cidade grande e suas mil e umas maneiras de fugir do tédio, mas estou impressionada com o fato que nessa cidadezinha pacata onde o 3G não dá sinal de vida eu esteja ocupando meu tempo de uma maneira bem mais produtiva que na tal cidade grande. Os passeios de uma metrópole são muito urbanos.  Já aqui pude admirar a grandiosidade da natureza.
Começando pelas estrelas. No céu daqui dá para ver constelações de tão estrelado. Ontem acabou a luz aqui no condomínio, mas quem precisa de luzes artificiais quando se tem aquela lua? Tão baixa, tão grande, tão brilhante que fazia sombras. O céu tão amplo, sem nenhum edifício para atrapalhar sua magnitude. A brisa, leve de praia, sem nada para ficar em frente aos seus percursos. O vento aqui é livre. E o som do mar contrastando com o canto das cigarras. 
Parece que a natureza aqui é mais feliz. Aqui pode dar seu show. Na cidade grande cada um está tão preocupado com suas próprias vidas, resolvendo seus próprios problemas que a lua se sente inútil, o vento não é tão verdadeiro e as estrelas nem se dão o prazer de aparecer. Nossas luzes as ofuscam. O ser humano calou as estrelas. 
Por essas e mais algumas gosto daqui. A natureza também gosta mais daqui, como se ela tivesse sido criada para um lugar como esse, que as pessoas dão valor ao seu esplendor. Não a um lugar que cada um tem seu pedaço de céu. Suas janelas, suas vidas. Onde as árvores são apenas mais um detalhe inútil na calçada. Sinto que as árvores do jardim da Ige são mais felizes que as da minha rua, onde estão em um cubículo de terra no meio de uma selva de pedra. 

Domingo, dia 11 de Janeiro de 2015

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