quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

Lidos em 2020

Geralmente, as retrospectivas que escrevo religiosamente são de fluída escrita: as palavras e acontecimentos dançam no teclado. Mas 2020 foi inesperado e, em certa medida, indescritível. Pegou-me desprevenida - assim como o restante da humanidade. Aterrorizou-me e, concomitantemente, foi muito gentil comigo e com aqueles que amo. 
Comemorei a chegada do ano de 2020 em Búzios. Na primeira parte da noite, cantei feliz aniversário para a minha mãe na presença de alguns de seus amigos. Em seguida, poderia ser encontrada mais bêbada que o batman deitada em uma espreguiçadeira da piscina de uma mansão. Minhas amigas me levaram para o quarto e, no dia seguinte, descobri que a mão e o tecido que senti em minha cara de madrugada eram, na verdade, uma mão vomitada e uma tentativa de limpeza do estrago. A vodka me impediu de sentir nojo. A noite foi ótima, está guardada no baú de histórias para contar e momentos para recordar. Como todo verão, passei alguns dias na casa de praia de minha bisavó e, desta vez, aprendi a apreciar uma cervejinha gelada. Descobri que noites na companhia de grandes amigas assistindo a bons filmes no cinema são melhores que dates com pessoas que não lhe valorizam o suficiente. Bebi muito mate caseiro na casa da Catha. Encontrei o Ministro Marco Aurélio no mercado e ele quase me atropelou com o carrinho de compras. Passei na prova prática do Detran e consegui  tirar minha carteira de motorista sem perder um ponto sequer - o que fazia meu pai afirmar diariamente que "o trabalho do Detran não pode ser sério", pois, à época, eu dirigia bem mal (digamos que as avaliadoras foram muito gentis e eu soube lidar com a ansiedade). Fui no festival Spanta de graça e dancei muito ao som de Pitty, Bello, Luan Santana e Kevin O Chris, ao lado de minha mãe e madrinha. Eu, vascaína, fui a um jogo do Fluminense cantando músicas da torcida organizada do clube com amigos da faculdade - que depois me protegeram do quebra-quebra fora do estádio. Assisti muito BBB - e, no fatídico paredão contra a Manu Gavassi, torci para o Prior (não me orgulho). Fiz um curso de férias em mediação. Fui em uma watch party do Oscar. Conheci meus calouros, dei trote (por mais que fosse muito preguiçosa para participar das dinâmicas em si) e compareci ao churrasco de recepção. Recebi por um dia em minha casa a Maya, irmã da Dana, minha amiga-irmã israelense. Desfilei e estive em um camarote da Sapucaí pela primeira vez na vida com as melhores companhias do mundo. Ambas as noites foram mágicas e, certamente, não havia na avenida alguém mais feliz que eu. Fui à Feira de São Cristovão com francesas e belgas. Assisti à Orquestra Sinfônica Brasileira no Teatro Municipal - vestindo um jeans e uma camiseta suada (obrigada, Gui). Fui aceita para ser monitora de Teoria do Direito, matéria tão importante para meu crescimento acadêmico e pessoal. Tive que reformular meus planos, a visita à capital norte-americana teria que aguardar devido aos perigos do coronavírus - que já se instalara no norte global. Realizei uma apresentação teatral na escola que detestava no auge de meus 13 anos. Visitei uma amiga no hospital no período pós-cirúrgico. Conheci e participei de uma roda de conversa privada com o Ministro Luís Roberto Barroso e sua filha Luna no dia 13 de março - o fatídico dia em que o Brasil parou devido ao coronavírus. Logo neste fim de semana, ainda sem entender a real dimensão da situação sanitária, fui a uma festa de aniversário e fiz um trabalho na casa de um amigo. A partir de então, iniciou-se meu período de quarentena. Uma manhã qualquer do início da pandemia poderia ser resumida a acordar cedo, assistir às aulas online no Zoom e cozinhar ao meio-dia macarrão ao pesto com meu pai (apenas vê-lo em uma manhã normal de minha rotina pré-pandemia seria impensável, logo, cozinhar e comer ao seu lado era muito diferente e encantador - ainda mais nos primeiros meses de quarentena). Minhas únicas saídas - mais conhecidas como sopros de ar fresco no dia-a-dia - eram para visitar minha mãe e levar minha cachorrinha na rua para fazer xixi de madrugada. Filmes e séries foram fiéis escudeiros nesse processo, a mais marcante para mim no início da pandemia foi Modern Love - eu acabara de me aventurar no universo Amazon Prime - e, ao final, Gambito da Rainha. Comi muito chocolate. Apaixonei-me pela disciplina de Teorias da Justiça. Meu pai pegou Covid-19 logo no início do confinamento, quando não haviam muitas informações. Fiquei com muito medo, mas tudo correu bem, graças a Deus (hoje em dia temos quase um stand up comedy sobre os acontecimentos desse período). Assisti lives da Marília Mendonça. "Completei" um quebra cabeça - entre aspas, pois veio faltando uma peça. Comparecia a aulas de francês três vezes na semana. Ganhei um carro lindo e fui, aos poucos, aprendendo a dirigir melhor. Mesmo à distância, encontrei minha verdadeira tribo na faculdade, integrei-me a um grupo de pessoas que muito admiro. Participei de um projeto para mapear medidas de enfrentamento à Covid-19 por parte do Poder Público, iniciativa privada e sociedade civil dos estados brasileiros e dos quatro cantos do globo - pesquisei o Pará e o Japão. Tal trabalho foi posteriormente publicado como e-book. Contei com muita ajuda para tirar boas notas na disciplina de Ciências de Dados Jurídicos. Fiz aniversário na quarentena com direito a visitas ao longe, presentes, vídeos de recadinhos, chamadas no Zoom e, posteriormente, carne com molho gostoso e batatinhas igualmente gostosas. Flexibilizei um pouco a quarentena e fui à casa de praia de minha bisavó, vendo-a, finalmente. Encontrei minhas amigas ao longe, de máscara, em uma garagem arejada. Assisti Hamilton umas 5 vezes - 3 delas com meu pai. Fundei a Sociedade Literária, o clube do livro de minha universidade, e tivemos 3 reuniões ao decorrer do ano (com Mário Machado, Carolina Alves e Danielle Rached). Doei meu cabelo, cortando-o curtinho pela primeira vez em anos. Participei da formação de uma chapa para competir às eleições do Centro Acadêmico de minha universidade e venci - com recorde de votos, tornando-me Presidente. Ouvi muito Folklore da Taylor Swift. Passei a comparecer em aulas de francês 4 vezes na semana, aprimorando muito o idioma. Realizei sabatinas eleitorais com candidatas à Prefeitura de minha cidade: Delegada Martha Rocha e Glória Heloíza. Vivenciei primeiras vezes. Organizei um Roda-Viva com o Ma´rio Bittencourt, atual presidente do Fluminense. Saí para comer fora. Fui a duas resenhas na casa de amigas quando o número de casos encontrava-se sob controle. Fui aprovada na prova de seleção do programa de intercâmbio da Sorbonne.Votei nas eleições municipais. Um de meus melhores amigos mudou-se para São Paulo à trabalho. Compareci a plantões realizados pelo Centro Acadêmico - alguns como mediadora, outros como ouvinte. Tomei muito smoothie de amora. Fui a uma festa de três dias em uma casa estilo BBB. Viajei para Gramado (cidade Evermore vibes). Estive pela primeira vez na Serra Gaúcha e me apaixonei. Visitei um parque de diversões. Encantei-me pelas ruas iluminadas, catedrais majestosas, jardins floridos, lagos deslumbrantes e pelas muitas hortênsias. Tomei muito vinho na vinícola - furtei dela uma uva. Curti dias maravilhosos com a minha família - vivendo quatro estações em um só dia. Julguei Porto Alegre uma cidade cinza vista da janela do Uber. Li meu primeiro livro em francês. Tive medo de não poder comemorar o Natal ao lado de minha família, mas, no fim, deu tudo certo. 
No fim, deu tudo certo. Sobrevivi. Sobrevivemos. Estamos bem. Vivemos bem. Tudo graças a Deus. 
Deus é bom, o tempo todo. O tempo todo, Deus é bom.  

Esses foram os livros que me acompanharam nessa jornada: 

Lidos em 2020 📚
1- Fazendo meu Filme (Lado B)
2- Pequenos incêndios por toda parte
3- Mulheres, raça e classe 
4- Amarelo e ilusão
5- Falando com estranhos
6- A coroa, a cruz e a espada
7- Lugar de fala
8- Minha história 
9- O retrato de Dorian Gray
10- Olhos d'água 
11- Os sete maridos de Evelyn Hugo
12- Os homens explicam tudo para mim
13- Náufragos, traficantes e degradados
14- O voto feminino no Brasil
15- O estrangeiro
16- Daisy Jones and The Six 
17- Cleópatra 
18- O senhor das moscas
19- Fique comigo
20- Americanah
21- O que ela sussura
22- Blink
23- O flâneur
24- Dans le jardin de l'ogre
25- Capitães da areia

segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

Lidos em 2019

2019 foi um dos anos mais especiais da minha vida.

Comemorei chegada do ano de 2019 em Fernando de Noronha numa viagem de 10 dias com minha mãe. Lá, fomos acolhidas por pessoas incríveis, comemos comidas sensacionais, dormimos muito, renovamos nossa conexão e subimos muitas pirambeiras. Logo em seguida, retornei ao Rio de Janeiro para aproveitar o restante das férias na casa de praia de minha família.
No fim do ano anterior, eu havia sido aprovada no vestibular para a faculdade particular que eu almejava estudar, no entanto, coloquei minha nota no Sisu e descobri que também fui aprovada em uma universidade federal de meu Estado. Depois de uma leve indecisão, fiz minha escolha: seguir o meu sonho de estudar direito na FGV, mesmo sendo paga. 
Logo, as férias de verão foram inteiramente preenchidas pela ansiedade pré-faculdade. Conheci algumas calouras no grupo do Facebook da comissão de trote e nos tornamos amigas (spoiler: cada uma seguiu seu caminho ao decorrer do ano, mas continuamos nos gostando). Sofri o trote. Fui pintada de Naruto após uma tentativa fracassada de desenharem o Batman. Fui à festa de boas vindas que organizada pelo Centro Acadêmico. Comecei a efetivamente cursar Direito. Me deparei com uma realidade totalmente diferente daquela que eu estava acostumada. Comecei a ter que me deslocar todos os dias para o outro lado da cidade pela manhã e aprendi a valorizar meu bairro. Li muitos textos. Fiz fichamentos de habeas corpus quando nem sequer entendia o que isso significava. Me apaixonei por Teoria do Direito e comecei acreditar que sou uma boa aluna. Fiz um bate-volta em Brasília. Levei um bolo no Sérgio Moro, apesar do lanchinho. Conheci os meandros da Câmara dos Deputados. Consegui entrar no Plenário. Invadi o Itamaraty. Assisti uma sessão do STF. Cantei muito no show do Arctic Monkeys. Participei da seletiva do júri e fui escolhida para representar a FGV na competição contra a UFRJ. Estive presente no meu primeiro Momentos Poéticos como ex-aluna. Aproveitei a vida noturna de Botafogo (mesmo que raramente). Treinei muito para o júri simulado e o resultado foi positivo: vencemos e um jurado ainda elogiou meu discurso! Fiz uma festa de 18 anos com um jogo interativo elaborado por um casal de amigos. Continuei comparecendo religiosamente as aulas de francês. Consegui um ótimo coeficiente de rendimento no 1° período. Viajei para Vassouras com a minha faculdade para os Jogos Universitários de Direito. Viajei com as minhas amigas para Itaipava. Levei a Catharina e a Raffaella para uma choppada da universidade federal. Fiz estágio no Núcleo de Direitos Humanos da Defensoria Pública do Rio de Janeiro. Dei uma chance para festas eletrônicas e confirmei meu ódio por elas. Conheci o Juliano Tchiósky. Meu afilhado fez um aninho. Fui ao Rock Bar e a uma boate gay. Cursei o segundo período. Estudei muito. Dei adeus para minha vida social por um momento. Me matriculei na autoescola e compareci às aulas teóricas após a faculdade. Fui à Bienal, mas dessa vez foi diferente: eu estava cansada, não era mais aquela criança com tempo e dinheiro de sobra. Estive presente em um churrasco na casa da serra do coordenador do meu curso para comemorar nossa vitória no júri simulado. Fui a mais choppadas. Entrei para a chapa Movimenta do  Centro Acadêmico e tornei-me diretora de Relações Institucionais da instituição. Fiz 20 mil trabalhos. Fui ao Rock in Rio assistir shows do Panic at the disco e do Red Hot Chilli Pepers. Fui aprovada na prova teórica do Detran. Conheci a Tabata Amaral. Ministrei uma aula sobre um possível design do mercado de maconha no Brasil. Me desesperei com o final do 2° período, mas, felizmente, tudo deu certo e consegui aumentar meu coeficiente de rendimento. Comecei a frequentar as aulas práticas da autoescola. Estive em alguns sábados em uma famosa casa de shows do meu bairro e na festa de formatura de minhas amigas. Fiz um amigo oculto de cartinhas. Reencontrei pessoas importantes na minha vida. Dei um abraço apertado na minha amiga de infância após 2 anos sem vê-la. 
Esse foi meu ano de 2019. Um ano de muito crescimento, aprendizado, reflexão e festa. Um ano maravilhoso. Que 2020 seja lindo.

Lidos em 2019 📚
1°- Os 12 signos de Valentina (‪05/01‬)
2°- Asiáticos podres de ricos (‪10/01‬)
3º- Ao meu ídolo, com amor (‪18/01‬)
4°- Depois que seja tarde, antes que seja nunca (‪24/01‬)
5°- Sociedade Secreta: Rosa e Túmulo (‪03/02‬)
6°- O caso dos denunciantes invejosos (‪04/03‬)
7°- Lonely Hearts Club (saco cheio)
8°- Olho por olho (saco cheio)
9°- Dente por dente (saco cheio)
10°- A altura deslumbrante (férias)
11°- O mito da beleza (‪02/08‬)
12°- Teoria King Kong
13°- Te devo uma (pós férias)
14°- Mortos não contam segredos (saco cheio)
15°- Direitos autorais (19/10)
16°- A Seleção (30/10)
17°- A Elite (pré p2)
18°- A Coroa (07/11)
19°- Estilhaça-me (03/12)
20°- Outliers (18/12)

sexta-feira, 8 de novembro de 2019

Romeu e Julieta: efemeridade e arbitrariedade


Na eminente obra “Romeu e Julieta”, o autor, William Shakespeare, sob as vestes de um romance efervescente, narra as inconsequências de uma juventude cercada de privilégios. A peça demonstra que questões como a liquidez das relações afetivas e a arbitrariedade da aplicação do direito penal com base na posição social ocupada pelo autor do ilícito não são características exclusivas da atualidade, mas já eram percebidas nos meandros da Renascença.
Em sua primeira aparição na obra, Romeu chora dores de um “amor” não correspondido por Rosalina. Em seguida, na primeira festa que se dispõe a comparecer, ao deparar-se com a bela e formosa Julieta, com a qual Romeu troca apenas algumas palavras, o sentimento que nutria por Rosalina é completamente esquecido. Tal extrato consolida o entendimento de que Romeu e Julieta não é uma história sobre amor, mas uma crítica à paixão e à efemeridade das relações na juventude.
O amor de Romeu não diz respeito às suas destinatárias: pouco importa se é Rosalina ou Julieta, o sentimento que ele projeta sobre essas mulheres é que lhe é aprazível, não suas personalidades. O que o personagem erroneamente intitula de “amor”, pode ser interpretado como paixão ou necessidade de suprir o vazio existencial que todos nós no fundo carregamos. Por outro lado, Julieta, a amada da vez, está carente, teme não ser capaz de amar seu pretendente, o nobre Páris, e enxerga em Romeu uma oportunidade de subversão familiar e conexão com seus desejos genuínos. O “amor” do casal é o somatório de expectativas individuais frustradas, nas quais os agentes envolvidos na relação são substituíveis.
Na contemporaneidade, narrativas sobre a banalização e a fragilidade de laços amorosos são recorrentes. O sociólogo Zygmunt Bauman, analisando interações humanas no século das grandes inovações tecnológicas, já afirmava que as relações não mais eram sólidas e duradouras, e que o amor havia se tornado líquido. Todavia, ao percebermos essa característica já nos palcos elisabetanos, é possível pensar que a efemeridade e fragilidade das relações sejam traços atemporais da juventude, que foram meramente acentuadas com os adventos tecnológicos.
Em face disso, conclui-se que, quando se é jovem, seja qual for o tempo ou o espaço, emoções são catalisadas e esvaem-se na mesma rapidez que desabrocharam, vínculos amorosos não possuem um caráter duradouro ou estável e a beleza física é um enorme chamariz. 
Outra questão relevante abordada na peça é a arbitrariedade da aplicação do direito penal com base nas condições socioeconômicas do autor do fato. Logo na introdução da peça, o mais famoso spoiler da literatura, Shakespeare explicita a condição social dos personagens. Aponta que as famílias dos jovens Romeu e Julieta, Montéquio e Capuleto, eram iguais em dignidade, isto é, constituíam linhagens respeitáveis na cidade de Verona.
Diante disso, na primeira aparição do Príncipe, o governante, é cominada uma pena: aqueles que perturbarem a paz das ruas da cidade pagarão com a própria vida. Tal frase sugere que aqueles que provocarem imbróglios serão sujeitos a pena capital. No entanto, ao decorrer da peça, Romeu, um jovem que possuiu o privilégio de nascer em um seio familiar repleto de posses e boa reputação, quebra a quietude da cidade, envolvendo-se em uma briga que se depreende na morte de Teobaldo, um Capuleto. O Príncipe, então, ao aplicar a sanção penal, a interpreta de uma forma benéfica a Romeu, que não pagará com a vida pelo delito cometido, como havia sido estabelecido outrora, mas com o exílio.
Tal fenômeno demonstra a arbitrariedade do sistema penal ao fazer valer o direito. A norma foi interpretada de maneira distintiva e benéfica, pois tratava-se de Romeu, cuja família era abastada. No entanto, o Príncipe teria tamanha misericórdia se o autor da conduta fosse um mero camponês, que não ostentasse o sobrenome Montéquio?
A situação narrada assemelha-se com o que ocorre nos dias de hoje no que concerne a políticas públicas de repressão às drogas, por exemplo. A triagem daqueles considerados “usuários” e “traficantes” de substâncias ilícitas para o sistema penal está intrinsecamente atrelada a localização do fato, situação econômica e cor de pele do agente. Ao inserir a problemática em sua obra, Shakespeare demonstrou que desigualdades de tratamento baseadas na condição de “ser” do autor, não propriamente em sua conduta, não são características exclusivas da contemporaneidade.

sábado, 12 de janeiro de 2019

Lidos em 2018

2018 foi um ano intenso. Um ano repleto de ansiedades e incertezas. Iniciei-o em um relacionamento. Passei as férias na casa de praia da minha família e percebi como a vida pode ser surpreendente: uma peça raríssima do carro soltou e me vi sendo transportada na garupa de uma bicicleta no acostamento da estrada debaixo de uma tempestade para tomar a vacina da febre amarela, então constatei que os momentos de maior perrengue rendem as melhores histórias. Estive no Museu de Belas Artes. Cursei meu último ano do colegial, juntamente com as aulas de francês. Durante o Carnaval, recebi minha irmã mais velha israelense em casa. Visitamos pontos turísticos, comemos bacon, mostrei a ela um pouquinho da cultura brasileira e aprendi com a sua. A presença da Dana fez o feriado especial para todos que tiveram o prazer de estar do seu lado. Participei de inúmeros dias da fantasia na escola. Minha melhor amiga de infância mudou-se para o exterior e ainda sinto saudades. Atuei em meu último Momentos Poéticos como aluna. Fui convidada a ser madrinha de um bebê lindo. Frequentei aulas de professores fantásticos. Visitei diversas universidades com a Mariazinha. Fiz 17 anos e comemorei com pessoas incríveis. Arrastei meu tio para lugares aleatórios. Terminei meu namoro. Acreditei no hexa. Tirei B no vestibular da UERJ. Fui ao planetário e enxerguei tudo aquilo que a rotina não permite: o esplendor do universo.  Fui aprovada em RI na PUC. Fiz minha primeira viagem internacional sozinha e foi um incrível: Visitei Israel, um país que sempre sonhei conhecer. Revi amigos que não via há mais de 3 anos. Passei noites em um kibutz. Mergulhei no mar da Galileia e naveguei o rio Jordão em um colchão inflável. Fui a uma fábrica de chocolate. Me senti acolhida e em casa. Fiquei mais tempo ao lado da Dana e tive o prazer de conhecer sua família e amigos. Fui apresentada a Tel Aviv, como na canção Golden Boy. Bebi cerveja em pubs de Haifa. Participei do sabbat dinner, um jantar judeu e assei um pão para a ocasião. Cantei em um karaokê. Conheci Jerusalém e foram alguns dos dias mais especiais de minha vida. Orei e fui ao subterrâneo do Muro das Lamentações, descobri um restaurante magnífico de carne defumada e andei de sagways pela Cidade Antiga. Comi comidas boas como trina, kabab e muita azeitona. Fiz xixi no Mar Morto e não recomendo. Dirigiram 4 horas para passarem 15 minutos comigo. Descobri, então, que possuo uma família em Israel: Muito obrigada, Dana, Anat, Maya, Gali, as mulheres mais fortes e incríveis que já convivi. Muito obrigada às famílias que me acolheram no kibutz, em Tel Aviv e para o jantar na noite do eclipse. Obrigada a todos os meus amigos tanto os antigos, Omer, Shahar, Dvir e Ori, quanto os novos, Noah, Inbar, Shaki, Gilad e Adi. Vocês todos deixaram meu coração quentinho de tanto amor durante o período que passamos juntos. Voltei ao Brasil, descobri que o homem que me ajudou no aeroporto era um padre. Estudei muito, dias e noites inteiras visando um objetivo. Consegui o desejado A na UERJ. Gastei muito dinheiro com aulas particulares, seja de redação ou de matemática. Vi uma apresentação de ballet no Teatro Municipal. Meu afilhado nasceu e fez meu coração transbordar de amor. Votei pela primeira vez nas eleições. Joguei futebol de sabão na escola e dormi uma noite por lá. Fui ao Casa Cor com a Carolis e com o Deco. Estudei mais um pouquinho. Fiz o vestibular da PUC novamente e fui aprovada em Direito. Meu texto foi publicado no livro da escola. Atuei em minha última Mostra Pedagógica e esfolei um pouco o joelho no processo. Fiz o ENEM para valer. Compareci ao baile de formatura e fui oradora da turma durante a cerimônia de colação de grau. Passei no vestibular e fui aprovada na FGV, que tanto almejei. Comecei a frequentar sessões de acupuntura e surtei bastante antes de exames importantes. Visitei o Museu da República e estive na exposição do Basquiat.  Mas, acima de tudo, contei com o apoio do meu pai, minha mãe, todo o restante de minha família, meus amigos e profissionais da escola em todos os momentos. Dei e recebi muito amor.
Foi um ano intenso e gratificante. A vida é doida e como uma esteira. 
Esses foram os livros que me acompanharam durante a descrita jornada:

Lidos em 2018 📚

Janeiro:
1°- A garota do calendário: Janeiro (1)
2°- Fala sério, pai! (9)
3°- Ela disse, ele disse (10)
4°- Anna e o beijo francês (13)
5°- Namorado de aluguel (22)
6°- A probabilidade estatística do amor a primeira vista (26)

Fevereiro:
7°- Fiel (21)

Março:
8°- Felicidade crônica (12)
9°- O que o sol faz com as flores (15)
Abril:
10°- O milésimo andar (18)

Maio:
11º- A música que mudou a minha vida (14)
12°- O acordo (26)

Junho:
13°- Fique onde está e então corra (6)
14°- O alienista (20)

Julho:
15°- 11 de setembro de 2001 (17)

Agosto:
16°- Quem diria que viver ia dar nisso (5)
17°- Persépolis (8)
18°- Sejamos todos feministas (9)
19°- Um de nós está mentindo (12)
20º- O árabe do futuro (16)
21°- Sussurro (27)

Setembro:
22°- Matilda (8)

Novembro:
23°- Se não eu, quem vai fazer você feliz?
24°- O seminarista (8)
25°- Canção de ninar (24)
26º- O inferno somos nós (29)

Dezembro:
27º- Eu matei Sherazade (15)
28º- Kobane Calling (18)
29°-  A parte que falta (22)
30°- O acordo (27)
31°- O erro (31)

OBS: Sim, li duas vezes "O Acordo" esse ano e nada em outubro, pois estava muito ocupada me desesperando. 

quarta-feira, 3 de outubro de 2018

Vidas Secas

O despertador musicaliza a rotina 
6 horas 
Banho, guarda roupa
O dia está cinza 
e o café aguado. 
O noticiário relata probabilidade de chuva.

Chuva essa que não molha 
nas marquises das lojas 
no subterrâneo do metrô 
nas baias dos escritórios. 
A rotina é seca 

O dia-a-dia não suja a barra da calça
também não permite abrir os braços 
e sentir a cachoeira divina sobre o corpo terreno.

A vida é seca.
Com você, primavera. 

domingo, 15 de julho de 2018

Apenas um filme

Se minha vida fosse um filme
(no qual eu tivesse uma mísera participação na direção das circunstâncias
e não somente nas ações de minha personagem)
seria de comédia romântica
daquelas bem bobas. 

Ele mandaria mensagem antes do nascer do sol.
Eu estaria me aprontando para o baile de formatura. 
Ele desembarcaria no Tom Jobim ao som de Hometown Glory. 
Nos cruzaríamos numa quarta-feira bucólica em um café
e ele me contaria por onde andou todos esses anos.
Eu seria um pouco menos desarrumada, 
mais alta e teria uma melhor postura.
Ele seria atleta e mudaria o corte de cabelo, 
mas continuaria sendo de exatas. 

A trilha sonora seria Taylor Swift 
(não o sertanejo vindo do churrasco que acontece no play do meu prédio)
Ele estaria apaixonado por mim
e eu iria corresponder. 
Receberíamos 2 estrelas pela crítica,
mas faríamos adolescentes suspirarem 
e indagarem 
"Por que não eu?"
encarando a tela preta,
apaixonadas pela história narrada em uma hora e meia,
produzida com a melhor luz,
falas decoradas, 
e atores que não trocam olhares antes da claquete.
Afinal,
seria apenas um filme. 

Domingo, 15 de julho de 2018

terça-feira, 26 de junho de 2018

Isto se chama metapoema

Que me perdoe a prosa
mas sou amante da poesia
da melodia pausada
da linha que permanece tingida de branco
e das infinitas possibilidades que habitam o vazio. 
Nestas poucas palavras posso tentar traduzir sentimentos confusos. 
Posso ser irônica, dramática,
inventar realidades, amores e cenários.
Posso contemplar a luz das estrelas 
no escuro do meu quarto. 
Sem contexto.
 Justificativa. 
Argumento de autoridade. 
Você não precisa entender. 
E, na verdade, nem eu. 





Esta vai terminar sem uma proposta de intervenção. 
Utilizei a primeira pessoa. 
Mas não comecei com ''atualmente''. 
Um acinte.

Terça-feira, 26 de junho de 2018